Olá, eu de novo com mais coisas estranhas sobre o sítio da minha avó. Como eu
já falei, em outro relato, acontecem muitas, mas muitas coisas por lá. Então
segue mais uma história, meio longa, mas real.
Em uma de nossas férias escolares, fomos quase todos os familiares (12 netos, 3
dos 5 filhos, 2 noras e mais a minha avó) para o sítio. Nós crianças fomos um
dia antes de trem com minha avó, para que ela pudesse colocar a casa em dia
(mesmo pequena) em ordem, enquanto meus tios e meus pais iam de ônibus até a
cidadezinha para só depois subir ao sítio, com a maioria das compras e suas
barracas, pois a casa era pequena para todos.
No primeiro dia parecia estar tudo dentro do conforme, mas nenhum de nós 12
netos arriscávamos a sair de perto da casa, pois mesmo de dia muita coisa
acontecia, era mato!! Mas quando tínhamos terminado de almoçar resolvemos ir
para a cachoeira, e como a minha avó tinha que organizar a casa tivemos que ir
sozinhos (um bando de pirralhos no meio do nada sem nenhum adulto, imagine!)
Como em todas as cachoeiras (que eram 7) tínhamos que ir com uma foice para
roçar o mato e se livrar das cobras que eram muitas. E lá fomos nós, como
sabíamos os horários dos trens tínhamos que andar rápido para atravessar as
pontes que também eram muitas (em cima de bicas ou cachoeiras). Na primeira
ponte nada de anormal só muitos barulhos em baixo dela. Continuamos a nossa
caminhada mas meio desconfiados, pois tinha um barulho idêntico ao da ponte que
estava nos seguindo, só que ao lado no mato, sabíamos que não era onça por que
não havia o cheiro que sempre ela carrega e é forte (de zoológico). Meio
desconfiados fomos.... Os primos mais velhos desceram na frente com a foice,
meio atrapalhados mas deram um jeito de fazer uma trilha legal.
Enquanto fazíamos baderna, escalávamos a lateral da cachoeira pelas pedras, sem
nos lembrar do barulho, o meu primo (o mais corajoso) berrou de uma forma que
fez eco embaixo da ponte, corremos meio desajeitados na água e vimos um pássaro
voar, mas era dos grandes, e meu primo sentado atrás da base da ponte branco,
chorando muito e tremendo. Quando ele se acalmou e foi nos contar que ao
mergulhar ele sentiu alguém forçar o seu ombro embaixo da água.... saímos todos
correndo sem olhar para trás, daí quando já estávamos em cima da ponte, no
trilho, pedimos para que ele contasse o que aconteceu... ele começou de novo e
disse que assim que ele olhou para trás deu de cara com algo que parecia uma
mulher mas com cara cheia de penas. Nisso que ele terminou escutamos o barulho
no mato, mas desta vez se aproximando do trilho, desta vez aquilo veio em nossa
direção. O estranho é que eram passos mas quando vimos era o mesmo pássaro que
tava na ponte, veio contra nós e antes de nos tocar desapareceu, gelamos e mesmo
assim corremos muito para o sítio.
Quando chegamos, correndo e assustados na última curva para o sítio, minha avó
vinha em nossa direção. Como a casa ficava em cima de um morro dava para ver boa
parte do trilho e ela disse que viu uma mulher passar por lá mas andando
estranho no que ela voltou para fechar a porta um pássaro grande bateu no vidro
quebrando ele inteiro, já com medo pegou a espingarda e se arrancou trás de nós.
Mas... quando chegamos no sítio tava tudo aberto e nenhuma das vidraças
quebradas muito menos sinal de pássaro!!!
Nem brincar lá fora fomos. À noite como de costume tomávamos chá com a porta
aberta e sentimos o cheiro da onça, nos trancamos em casa até ela passar...
quando a galerinha de onça se aproximou elas simplesmente ficaram rodeando a
casa (coisa que nunca fizeram) aí ficamos com mais medo pois as janelas além dos
vidros agora eram trancadas por fora com uma de madeira mas estas não estavam
fechadas e se as onças tentassem entrar, entrariam na boa, aquilo apavorou à
todos nós!!! Mas para nossa surpresa, ou pior, pânico as janelas foram se
fechando uma a uma, mas como, não tinha ninguém lá fora, então o pânico
aumentou. De certa forma, estávamos seguros, mas quem nos protegia... de repente
o mal cheiro passou (as onças foram embora). E minha avó resolveu ver quem fez
aquilo! Quando ela saiu viu a mesma mulher descendo para o trilho, mas quando
ela deveria aparecer andando já sobre o trilho ela simplesmente viu um pássaro
como o que bateu na janela.
Entrou silenciosamente, e começou a bater um bolo como se nada tivesse
acontecido por lá, nós só ficamos nos olhando, então minha prima resolveu
perguntar se estava tudo bem?! Minha avó virou-se e disse que tínhamos que
agradecer, um por um... sem sair de casa brincamos enquanto o bolo assava. Já
estava bem escuro, só com a lua quando o bolo estava pronto, minha vó
desenformou o bolo cortou exatamente em 13 pedaços (quanto éramos) e deu um
pedaço à cada um pedindo para que não comêssemos. Então ela pegou a lanterna e
rumou para a bica nos chamando, claro que ninguém queria ser o último nem o
primeiro da fila, mas tinha que ter um né. Quando chegamos na bica cada um teve
que colocar seu pedaço em uma pedra, dizendo obrigado e saímos mais que
correndo.
Sem entender nada perguntamos à minha avó o porque daquilo, ela disse que apenas
tínhamos que agradecer pela ajuda da mãe do mato, uma alma de uma moça que sumiu
na mata e nunca encontraram mais que sua foice (qual ela carregava para se
proteger dos intrusos) acham que ela morreu tentando impedir a desmatação de uma
área..... ela só apareceria para ajudar quando o mal viesse da mata. Foi o que
ela fez.
Sei que não é assustador ler, mas pode ter certeza que estar no meio da situação
sem saber o que está acontecendo e ser ajudado por sei lá quem por sabe lá qual
motivo é muito sinistro.
Bom nestas férias aconteceram coisas muito piores mas vamos deixar para a
próxima porque por hoje já foi de mais.
Val - Curitiba - PR